Não posso conceber sem me
convulsionar o Brasil, ou melhor, os brasileiros engolirem com gosto a lavagem
que lhes põem na mesa todos os dias. E a parte mais refinada dela é servida de
quando em quando, onde é possível, na hora oportuna. Quando mais brasileiros
estão sentados para se servir. É gostoso falar abrangente, pois as últimas
frases servem para ampla soma de nossa história e, se calculo bem a quantidade
de restos e são suficientes, para toda ela.
Todavia,
não quero brincar com o servir nem com o calculus
(pedra) para servir, porque parece mesmo que a função da servidão é reservada
tão somente ao brasileiro. E, se Galileu cresce com a lembrança do conhecido
badalar dos sinos a chamar Pisa à fogueira que se ergue diante da arquibancada
do clero e do olhar popular, com os gritos de grandes figuras (Copérnico,
Giordano Bruno, etc.) e anônimos a ressoar aos ouvidos; o brasileiro cresce com
o chilrear das correntes e o estalar da chibata, a sirene das viaturas
policiais e o medo dos cassetetes. “Está brincando comigo?” Alguém perguntaria
de pronto.
É...
Tornamo-nos metrópole. A escravidão acabou(?). Utilitarismo, burguesia. Revolução!
Revolução... Indústria, automação. Totalitarismo! Burguesia... Revolução! (não,
digo, anos 60). Ditadura militar. Protestos, calúnia, torturas, mortes e
exílios. Democracia! Democracia? Burguesia...
Mas,
eu me esqueci de falar que na parte dos Totalitarismos, tão bem descritos por
Arendt, houve um importante avanço,
maduro fruto das tecnociências que a humanidade colheu: é que Goebbels inventou
na Alemanha a Propaganda! E hoje, (é pena dizer) não só o brasileiro se serve
desse delicioso bem! A Mídia (que fartura!) está em todo lugar! E não podemos
reclamar da fome, como o brasileiro Josué de Castro, há lavagem para todos!
No Distrito
Federal como em São Paulo (como em qualquer outro lugar, pena) os magnatas
fornecem os ingredientes e a receita para que os jornalistas mantenham viva a
opinião pública. E é assim que se sabe sobre o denominado Santuário dos Pajés, derradeiro recanto indígena do umbigo
egocêntrico do país; é desse modo que se sabe sobre os estudantes baderneiros brasilienses e paulistas,
sobre a ocupação da reitoria da USP(2011); é assim que se sabe sobre a GREVE das Federais, etc, etc. Texto de 2011, com o final modificado...
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